domingo, 18 de setembro de 2011

O ÓBVIO


O  ÓBVIO  

Em uma escola muito heterogênea, onde estudam alunos de várias classes sociais, durante uma aula de português, a professora pergunta: 

- Quem sabe fazer uma frase com a palavra "óbvio"? 

Rapidamente, Luana, menina rica, uma das mais aplicadas alunas da classe, respondeu: 

- Prezada professora, hoje acordei bem cedo, depois de uma ótima noite de sono no conforto de meu quarto. Desci a enorme escadaria de nossa residência e me dirigi à copa onde era servido o café. Depois de deliciar-me, fui até a janela que dá vista para o jardim de entrada. 
Percebi que se encontrava guardado na garagem o automóvel BMW do meu pai. Pensei com meus botões:
 - É ÓBVIO que meu pai foi ao trabalho de Audi. 
Sem querer ficar para trás, Luiz Cláudio Wilson, de uma família de clas se média, acrescentou: 
- Professora, hoje eu não dormi muito bem, porque meu colchão é meio duro. Eu consegui acordar assim mesmo, porque pus o despertador do lado da cama. Levantei meio zonzo, comi um pão com margarina e tomei café. Quando saí para a escola, vi que o fusca do papai estava na garagem. Imaginei: 
- É ÓBVIO que o papai não tinha grana para gasolina e foi trabalhar de busão. 
Embalado na conversa, Wandercleison Maicon Jéqueson, de classe baixa (é óbvio), também quis responder: 

- Fessora, hoje eu quase não durmi, porquê teve tiroteio até tarde na favela. Quando acordei de manhã eu tava morrendo de fome, mas não tinha nada pra cumê e quando olhei pela janela do barraco, vi a minha vó com o jornal debaixo do braço e pensei: 

- É ÓBVIO que ela vai cagá. Num sabe lê...
 
 

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